terça-feira, 26 de julho de 2011

(m)eu quarto

Por fora da minha janela, a janela do meu quarto, as nuvens pairam inertes sobre o topo das árvores que capto deitada na minha cama.

Os balões da capadócia respiram no móbile do lado direito.  Presos ao teto azul do mar Vermelho anoitecido envolto por três pontos de luz que minha avó gostava de contá-los junto aos outros quando se hospedava aqui.
Contávamos estrelas no meu céu artificial.

Naturalmente uma árvore seca colada na parede branca brota sobre o pé da cama, acompanhada das minhas almofadas de solteira numa marquesa improvisada.

Do lado esquerdo, pedaços externos de mim saltam da mala aberta e tentam estaticamente se aproximar ao meu ponto de reclusão. Meu ponto de maior encontro. Minha cama. De todo o tempo. De toda a vida.

Se um dia esse quarto não mais existir, perderei de uma vez por todas minha frágil referência de lar que ainda restou depois de tanta peregrinação.






Também vejo no canto do quarto, minha primeira tela, com o papel-bolha semi partido. É um grafite de uma Alice numa motocicleta, seu coelho na garupa, deixando rastros de cartas, corações, relógios, rebatidos pelos seus cabelos ao vento.